Esse ano o clássico cult Rocky Horror Picture Show comemora 40 anos. O musical que continua tão atual quanto na data de seu lançamento em 1975, conquistou o recorde de maior período em cartaz no cinema: 36 anos. Bem à frente de seu tempo, o longa trata de temas como sexualidade e papel de gênero e o figurino tem um lugar super simbólico em sua construção. Se você ainda não viu, ou para quem já é fã desse clássico, viemos relembrar suas cenas mais marcantes!
Rocky Horror é um clássico dos chamados filmes B, que tinham baixo orçamento e eram influenciado pelos clássicos de ficção científica dos anos 30 aos 70. A história é uma adaptação da peça de teatro de 1973 produzido por Richard Obrien. Na cena de abertura do musical há referências a diversos nomes do cinema da época. Essas inspirações também ficam claras no enredo do filme, onde um casal de namorados, Brad (Barry Bostwick) e Janet (musa Susan Sarandon), tem o pneu do carro furado no meio de uma viagem e vão pedir ajuda em um castelo – situação clichê típica de filmes desse estilo.
A versão cinematográfica (dirigida por Jim Sharnan) não se distanciou do formato teatral – continuou com atuações marcantes e poucas locações, além do figurino (assinado por Sue Blane), que quase não tem troca de roupas. Falando em figurino, Brad e Janet são arquétipos de gêneros e suas roupas refletem isso. No início do filme, o casal está em um casamento onde os homens estão vestindo cinza e as mulheres vestindo roupas claras simbolizando o comportamento esperado dentro do padrão de feminilidade e masculinade. Isso fica ainda mais evidente quando o carro que aparece para buscar os noivos traz os dizeres “Espere até hoje à noite. Ela teve o seu, agora ele terá o dele”, reforçando o estereótipo de que a mulher quer o romantismo e o homem, claro, quer o sexo.
Na sequência seguinte o casal faz a tal viagem, e mais uma vez o figurino reforça a imagem de bom moço para Brad e a imagem de feminilidade e inocência para Janet. Há um problema no carro e os dois vão parar em um castelo. No local está acontecendo uma convenção do Planeta Transexual da Galáxia Transilvânia e o casal se depara com um grupo, digamos, exótico. É aí que somos apresentados a uma das músicas e coreografias mais divertidas do cinema: o Time Warp.
Depois de dançar o Time Warp, Brad e Janet encontram o anfitrião do castelo, o doutor Frank N Furter, interpretado por Tim Curry. Meia arrastão, saltos altíssimos, maquiagem carregada e uma capa semelhante a dos vampiros. É nessa estética glam, em voga na época, que temos a primeia imagem de Furter. Ao retirar a capa, vemos que ele veste corpete, cinta liga, luvas e colar de pérolas. Tim Curry dá um show e consegue deixar o personagem afeminado e másculo ao mesmo tempo.
Frank N Furter convida o casal para passar a noite no castelo e para se juntar a apresentação de sua nova criação: Rocky, um homem forte, loiro e bronzeado, criado com o objetivo de aliviar a tensão do doutor. Nesse momento Furter aparece de vestido verde musgo com um triângulo vermelho no peito, símbolo do movimento LGBT, que estava em crescimento naquele período.
Toda essa estética de transgressão de Rocky Horror simboliza a jornada de Brad e Janet em relação a livre expressão da identidade e sexualidade. O casal começa o filme representando modelos tradicionais de comportamento e ao longo das experiências vividas no castelo se desconstroem em relação a essas questões. Tanto que a cena final reúne todos os personagens, incluindo o casal de protagonistas, vestidos de corpetes e cintas liga cantando sobre liberdade.
E para comemorar o aniversário de lançamento de Rocky Horror, a M.A.C lançou uma coleção de 21 itens inspirados no longa, em embalagens líndissimas, ilustradas com os lábios vermelhos característicos do filme. Segundo James Gager, vice-presidente da marca, o clássico cult trata sobre transformação, diversidade, individualidade e fantasia, elementos que fazem parte do DNA da marca. A coleção foi lançada lá fora essa semana e deve chegar por aqui (somente nas lojas online) ainda esse mês.
foto: Zoe London
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