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Nouvelle Vague e as musas do cinema francês

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Durante a passagem dos anos 50 para os 60, um grupo de jovens críticos franceses da revista Cahiers du Cinema (Cadernos de Cinema) resolveram romper com as tradições consolidadas pelo cinema clássico e suas produções comerciais lançando um movimento marcado pela autonomia criativa e estética. Surgia, assim, a Nouvelle Vague e seus filmes intimistas e de baixo orçamento chamados de “cinema de autor”.

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Como contraproposta ao cinema clássico, a Nouvelle Vague propunha filmes pessoais onde temas cotidianos, tabus e personagens marginalizados eram retratados. Para isso, os jovens diretores utilizavam clichês visuais como forma de satirizar a própria linguagem cinematográfica. Havia também uma quebra na linearidade das cenas, transgredindo uma das principais regras do cinema clássico, assim, os filmes do movimento possuíam cenas de flashback mescladas com presente e futuro. Além disso, a maioria das locações eram nas ruas, restaurantes ou nas casas dos atores e diretores, rompendo mais uma vez com as películas tradicionais que costumavam ser gravadas em estúdio. Goddard e Truffaut são dois grandes expoentes da Nouvelle Vague.

A Nouvelle Vague não ficou restrita somente à França. O movimento influenciou o cinema pelo mundo, inclusive as produções Hollywoodianas. Cineastas como Coppola, Brian de Palme e Scorsese são alguns exemplos que se deixaram levar pelo cinema de autor. A Nova Onda, como é chamada por aqui, também chegou às terras brasileiras. O baiano Glauber Rocha é um dos principais nomes da Nouvelle Vague no país. Premiado internacionalmente, o cineasta ganhou reconhecimento em 1967, quando ganhou em Cannes o prêmio de melhor diretor pelo longa Terra em Transe.

Como o movimento tinham produções baratas, eram escalados atores pouco conhecidos, a Nouvelle Vague apresentou para o mundo alguns nomes que marcariam a história do cinema. E já que o cinema é um dos grandes influenciadores da moda, escolhemos mostrar mais sobre quatro musas da Nova Onda, que além de serem ícones da cinematografia, fizeram história na moda.

Anna Karina

 

De origem dinamarquesa, a maior musa da Nouvelle Vague se mudou para a França aos 17 anos, onde começou sua carreira como modelo. Na verdade, seu nome original é Hanne Karim, mas por uma sugestão de Coco Chanel, com quem chegou a trabalhar, mudou seu nome para Anna Karina. Ao ver um dos trabalhos da modelo, Goddard a convidou para um papel de seus filmes. Assim, começou uma parceria que iria além do ramo profissional. Os dois logo se casaram e viveram juntos durante seis anos.

Dona de uma beleza única, Anna Karina tinha um estilo chique sem fazer esforço com toques divertidos, bem típico das parisienses, e sempre levava um pouco de si para seus filmes. Sua franja impecável é até hoje um dos símbolos da atriz.

Brigitte Bardot

Diferentemente de Anna Karina, Brigitte Bardot era um ícone de beleza femme fatale. Estreou nos cinemas aos 17 anos, mas sem grandes sucessos, até que estrelou o longa E Deus Criou a Mulher. Lançado em 1956, o longa trazia cenas da atriz de biquíni, o que criou uma série de polêmicas fazendo com que o filme até fosse proibido em certos países.

Com um estilo natural, Brigitte Bardot foi responsável por popularizar o biquíni e a sapatilha e tinha como umas das suas marcas registradas o cat-eye, olho delineado gatinho que usamos e amamos até hoje. Seus cabelos longos, loiros e despenteados que eram raridade até então, também começaram a se propagar, alcançando até as norte-americanas, que antes se inspiravam em Marylin Monroe. O estilo de Brigitte Bardot se difundiu tanto, que até ganhou um decote com seu nome.

 Catherine Deneuve

 

Catherine Deneuve é até hoje um dos grandes nomes do cinema francês, mas foi ao estrelar o filme Belle de Jour em 1967 que a atriz ganhou destaque. Na obra de Buñuel, Catherine interpretava uma dona de casa que procurava um bordel para satisfazer suas fantasias durante a tarde e à noite voltava a sua vida de casada.

A atriz virou uma das musas do estilista Yves Saint Laurent, que criou o figurino de alguns de seus filmes, incluindo Belle de Jour. Assim, Catherine se tornou modelo de elegância e símbolo de beleza francesa. Sua amizade com Saint Laurent foi tão grande que ela encerrou o último desfile do estilista apresentando uma canção para ele.

Jean Seberg

 

Nascida nos Estados Unidos, Jean Seberg ganhou destaque como atriz no cinema francês. Seu primeiro papel foi no longa Joana D’Arc, de 1957, que apesar de fracassar foi importantíssimo para sua carreira. Seu reconhecimento veio quando se tornou uma das musas da Nouvelle Vague e estrelou o filme Acossado, de Goddard. Embora tivesse uma carreira promissora, Jean morreu nova, aos 40 anos, deixando um legado não só no cinema mas também na moda.
Para interpretar Joana D’Arc, Jean Seberg aceitou cortar os cabelos bem curtinhos, no estilo Joãozinho, e acabou mantendo o corte, se tornando uma das maiores inspirações do pixie cut até os dias de hoje. Seus looks também mesclava o estilo tomboy com peças femininas, combinação que está super em alta atualmente. Calças cigarrete e sapatilhas eram praticamente uniformes da atriz.

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O papel das musas da Nouvelle Vague são importantes para a moda pois mostram um estilo “vida real”, sem montação e apelos de ostentação. A valorização da beleza simples, com cabelos naturais, make leve e looks no melhor estilo chic-sem-esforço foram super inspiradores na época e até hoje encantam a moda e o cinema mundial.

este Nouvelle Vague e as musas do cinema francês é um conteúdo original Modices.


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