Após a Segunda Guerra Mundial, a Itália se encontrava em um momento de crise econômica marcada pelo desemprego e pela baixa dos direitos dos trabalhadores. Foi nesse contexto que surgiu o neorrealismo: um movimento cultural em reação às péssimas condições vividas no país durante o período pós guerra.
»Um pouco sobre neorrealismo
Uma das maiores expressões da nova corrente foi no cinema – que havia sido invadido pelas produções hollywoodianas e era marcado por uma visão romanceada do mundo. Diante disso, os cineastas italianos iniciaram uma transformação na temática e linguagem utilizada em seus filmes, adotando uma postura mais crítica e reagindo contra as produções tradicionais.
A proposta desse novo estilo cinematográfico era usar a mídia para expor os problemas do período e apresentar a realidade vivida na Itália. Assim, as obras passaram a ter como temas a denúncia e a contestação do fascismo, dos problemas sociais, do desemprego, da condição das mulheres e da marginalização nas cidades. Os protagonistas dos filmes se tornaram os trabalhadores e operários em busca de melhores condições de vida. As locações começaram a mostrar o país sob a ótica das favelas, vilas de pescadores e ruas tumultuadas.
Todos os recursos procuravam dar o toque de realidade possível ao cinema e características como linguagem e tomadas simples, cenários reais e atores pouco conhecidos se tornaram cada vez mais utilizadas.
O Neorrealismo não só tornou o cinema italiano referência, como também influenciou diretamente as produções cinematográficas de outros países. No Brasil, a obra Rio 40 graus (filme de 1955 de Nelson Pereira dos Santos) foi um dos grandes exemplos de produções influenciados pelo movimento e foi o primeiro a retratar de maneira crítica e real o tema da pobreza na sociedade brasileira.
Além de disseminar uma nova forma de fazer cinema pelo mundo, o neorrealismo também lançou a beleza e o talento de suas musas, mulheres de sensualidade espontânea que equilibravam um look estilo mulherão com graça e, muitas vezes, à frente de seu tempo.
»as musas do cinema italiano
Nascida na Tunísia, Claudia Cardinale entrou na carreira de cinema após ganhar um concurso de beleza. Com um repertório vasto, a atriz não ficou apenas nos filmes neorrealistas e participou de produções hollywoodianas e de comédias italianas. Dona de longos cabelos, olhos expressivos marcados por delineador gatinho e corpo ampulheta, CC, como gostava de ser chamada, ganhou diversas vezes o título de mulher mais bonita do cinema.
Ela gostava de valorizar sua silhueta bem torneada com roupas que passavam uma imagem de chic sem esforço. Claudia até hoje é engajada em causas humanitárias, defesa dos direitos das mulheres e dos homessexuais.
La Lollo, como era conhecida, era famosa por interpretar papéis sensuais. Assim como Claudia Cardinale, começou sua carreira nos concursos de beleza. Tinha uma beleza clássica italiana e era considerada uma sex symbol da época.
Gostava de usar vestidos que valorizavam e moldavam suas curvas, optando por tecidos ricos, bons materiais e linhas simples. A atriz adorava Chanel, e era amiga da mademoseille, de quem ganhava dicas de estilo. Além disso era La Lollo que se maquiava, pois dizia não ter tempo para salão.
Foi a primeira atriz a ganhar o Oscar num filme de língua estrangeira. Sua participação no filme “Duas Mulheres”, de 1962, lhe abriu caminho para o cinema mundial, porém sua carreira se iniciou nos sets neorrealistas, quando não tinha nem 20 anos. Além do Oscar, Sophia ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes também pelo mesmo filme. Na moda, usava muito a cor preta e gostava de chapéus enormes e extravagantes.
La Lupa, como era chamada, foi a estrela do filme “Roma, Cidade Aberta”, obra que marcou o início do movimento neorrealista e a projetou internacionalmente. Diferentemente das outras atrizes, Anna não era considerada bonita, pois não tinha os atributos mais óbvios das estrelas femininas, o que era raro no cinema da época. Porém seu talento para o drama e seu rosto expressivo lhe consagraram como uma das grandes estrelas do cinema.
O legal de se observar as musas do cinema neorrealista é que cada uma, da sua maneira, deu um passo a frente na condição da mulher naquela época, seja rompendo com padrões de beleza ou comportamentais, quebrando estereótipos ou defendo diretamente causas.
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